1810 d.C. - Galois

 

 

    Évarist Galois foi um matemático francês, que herrdou uma paixão pela política do seu pai, Nicolas Gabriel Galois que era prefeito de Bourg-la-Reine.

 

    Estudou na escola Liceu de Louis-le-Grand, que era uma instituição de prestígio e muito autoritária e ao ver seus colegas serem humilhados por represarias a rebeliões, acabou criando tendências republicanas.

 

    Somente aos dezesseis anos pôde fazer seu primeiro curso de matemática. Passou a negligenciar todas as outras matérias concentrando-se apenas em sua nova paixão, logo o seu conhecimento superou o de seu professor e ele passou a estudar diretamente dos livros escritos pelos gênios de sua época e ficando cada vez mais claro o caminho para o jovem prodígio.

 

    Prestou exame para a École Polytechnique, o mais prestigiado colégio de seu país (e considerado um centro do ativismo republicano), mas os seus modos rudes e a falta de explicações na prova oral fizeram com que sua admissão fosse recusada.

 

    Ele prosseguiu com suas pesquisas, e com dezessete anos, ele fizera progressos suficientes para submeter dois trabalhos de pesquisa à Academia de Ciências. Cauchy ficou muito impressionado com o trabalho do jovem e o julgou capaz de participar na competição pelo Grande Prêmio de Matemática da Academia.

 

    Infelizmente seu pai cometeu suicidio, por causa de uma armação de um sacerdote jesuíta e vendo o sistema francês humilhar e destruir seu pai, acabou consolidando um apoio fervoroso de Galois para a causa republicana.

 

    Voltando a Paris, ele enviou a tese para o secretário da Academia, Joseph Fourier, que devia entregá-lo para o comitê de avaliação, o trabalho oferecia uma visão tão brilhante que muitos matemáticos, incluindo Cauchy, o consideravam como o provável vencedor.

 

    Porém o trabalho não ganhou o prêmio e nem foi oficialmente inscrito, Fourier morreu algumas semanas antes da data da decisão dos juizes. O trabalho nunca foi encontrado e Galois achou que seu trabalho fora propositalmente perdido devido às orientações políticas da Academia, decidindo que havia uma conspiração para excluí-lo da comunidade matemática.

 

    Em consequência disso passou a negligenciar suas pesquisas em favor da luta pela causa republicana. Galois foi preso e mergulhou em um estado de depressão.

 

    Foi libertado, mas o resultado de seu romance com uma mulher misteriosa, chamada Stéphanie-Félice Poterine du Motel foi trágico, ela já estava comprometida com Pescheux d’Herbinville, que descobriu a infidelidade de sua noiva e sendo um dos melhores atiradores da França não hesitou em desafia-lo para um duelo.

 

    Na noite anterior ao confronto, ele escreveu cartas para os amigos explicando as circunstâncias:

 

"Eu peço aos patriotas, meus amigos, que não me censurem por morrer por outro motivo que não pelo meu país. Eu morri vítima de uma infame namoradeira e dos dois idiotas que ela envolveu. Minha vida termina em conseqüência de uma miserável calúnia. “

 

    Apesar de sua devoção à causa republicana e seu envolvimento romântico, Galois mantivera sua paixão pela matemática, trabalhou a noite toda escrevendo o teorema que explicaria o enigma da equação do quinto grau. As páginas eram, na maior parte, uma transcrição das idéias que ele já enviara a Cauchy e Fourier. Quando seus cálculos estavam completos, ele escreveu uma carta explicativa ao seu amigo Auguste Chevalier, pedindo que, caso morresse, aquelas páginas fossem enviadas aos grandes matemáticos da Europa.

 

    Na manhã seguinte Galois e d’Herbinville se enfrentaram, e Galois foi atingido no estômago. Ficou agonizando no chão. Não havia nenhum cirurgião por perto e o vencedor foi embora calmamente, deixando seu oponente ferido para morrer. Algumas horas depois seu irmão chegou ao local e o levou para o hospital Cochin, mas já era tarde de mais e no dia seguinte ele faleceu.

 

    Os colegas de Galois estavam furiosos devido à crença cada vez mais forte de que o noivo traído era um agente do governo e Stéphanie não fora apenas uma mulher volúvel, mas uma sedutora usada para levar Galois a morte. De qualquer modo, um dos maiores matemáticos do mundo morrera com a idade de vinte anos, tendo estudado matemática por apenas cinco.

 

    Passou-se uma década para que os trabalhos de Galois fossem reconhecidos. Joseph Liouville em 1846 reconheceu a centelha do gênio naqueles cálculos e passou meses tentando interpretar seu significado.

 

    A resposta dos outros matemáticos foi imediata. Galois tinha de fato formulado uma completa explicação de como se poderia obter soluções para equações do quinto grau, era uma das obras-primas da matemática do século XIX, criada por um de seus mais trágicos heróis.